quarta-feira, 12 de maio de 2010

WHEY PROTEIN



Proteínas do Soro do Leite

Definição
As proteínas do soro do leite, também conhecidas como whey protein, são extraídas durante o processo de fabricação do queijo. Possuem alto valor nutricional, contendo alto teor de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada. Também apresentam alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro. Pesquisas recentes demonstram sua grande aplicabilidade no esporte, com possíveis efeitos sobre a síntese protéica muscular esquelética, redução da gordura corporal, assim como na modulação da adiposidade, e melhora do desempenho físico. Estudos envolvendo a análise de seus compostos bioativos evidenciam benefícios para a saúde humana. Entre esses possíveis benefícios destacam-se seus efeitos hipotensivo, antioxidante e hipocolesterolêmico. Esta revisão buscou trabalhos que trazem avaliação das propriedades funcionais das proteínas do soro, tanto em humanos como em animais. Apesar das evidências apresentadas, novos estudos, assim como o desenvolvimento de novos alimentos enriquecidos com as proteínas do soro, com o intuito de facilitar seu consumo por grandes grupos populacionais, são necessários para verificar sua real eficácia.
O whey protein é uma proteína naturalmente completa, o que significa que ela contém todos os aminoácidos essenciais para ajudar a melhorar a constituição física e aumentar o desempenho atlético. Fonte rica de aminoácidos em cadeia (BCCAs) que contém os mais altos níveis conhecidos de qualquer fonte alimentar natural. Os BCCAs são importantes para os atletas uma vez que, diferentemente de outros aminoácidos essenciais, eles são metabolizados diretamente no tecido muscular e são os primeiros usados durante períodos de exercício e treinamento de resistência.
Uma das características da WP é a sua elevada concentração estrutural em aminoácidos essenciais, especialmente os aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina). Esta condição já a colocaria em destaque em relação às demais fontes quanto à síntese protéica, tendo em vista que a leucina tem sido apontada como o principal aminoácido responsável pela estimulação do anabolismo muscular (Anthony et al., 2001; Kimball, 2002).

Efeitos sobre a liberação de insulina
Segundo Biolo et al. (1999) e Roy et al. (1997), os principais moduladores da síntese protéica são a disponibilidade de aminoácidos (grande efeito anabólico, mas com pequeno efeito anticatabólico) e insulina (grande afeito anticatabólico, mas com pequeno efeito anabólico).
Calbet & MacLean (2002) avaliaram o efeito de quatro diferentes soluções, uma contendo somente 25g/l de glicose (controle) e outras três contendo a mesma quantidade de glicose mais 0,25g/kg de peso corporal de três diferentes fontes protéicas: ervilha (E), WP e leite integral(L) sobre as concentrações de insulina e aminoácidos. Os pesquisadores observaram que após 20 minutos da ingestão, a solução contendo a WP provocou elevação significativa nas concentrações de insulina e de aminoácidos essenciais.
Estudos mais recentes também demonstraram a importância da ingestão da WP associada ao carboidrato após a atividade física. Esta combinação provoca um maior estímulo à liberação de insulina quando comparada com a ingestão isolada de carboidrato (Niles et al., 2001; Williams et al., 2005) ou placebo (Ivy et al., 2008).

Efeitos sobre o aumento da massa magra e da força
Visando estudar a resposta aguda do balanço protéico muscular frente à ingestão de proteína intacta após o treino de força, Tipton et al. (2004) ofereceram a homens e mulheres saudáveis acostumados com a prática da musculação placebo (n=7) ou 20 gramas de C (n=7) ou a mesma quantidade de WP (n=9), uma hora após uma sessão de extensão de perna. Os resultados desta pesquisa propuseram que apesar de terem gerado uma resposta diferente em relação às concentrações de aminoácidos no sangue, a ingestão tanto de WP quanto de C gerou um estímulo à síntese protéica similar em comparação ao placebo, tanto em relação às concentrações musculares de fenilalanina quanto de leucina, mensuradas por meio de biópsias musculares realizadas imediatamente, 55, 120 e 300 minutos após o exercício. Entretanto, vale ressaltar que 120 minutos após a sessão de extensão de perna, as concentrações musculares de leucina estavam significativamente mais elevadas do que em todos os outros momentos, especialmente quando foi realizada a ingestão de WP.
Em 2006, Cribb et al. estudaram os efeitos da suplementação com WP isolada (WPI) ou da C sobre a composição corporal e a força de treze fisiculturistas durante dez semanas de treino de força. Os sujeitos da pesquisa ingeriram um total de 2,1 gramas de proteína para cada quilo de peso por dia, dos quais 1,5 gramas/kg/dia eram representados pela suplementação e somente o restante pela alimentação convencional. Em comparação com a ingestão de C, a administração da WPI, realizada no desjejum e no almoço após a atividade física e antes de dormir, aumentou significativamente a massa corporal magra e a força, além de ter gerado maior redução de gordura corporal. Vale ressaltar que estes resultados dificilmente poderão ser observados na prática, já que o nutricionista especializado em Nutrição Esportiva raramente irá sugerir uma alimentação á base de suplementos nutricionais em detrimento da dieta alimentar convencional.
No mesmo ano, Candow et al. compararam os efeitos da suplementação entre a WP e a proteína de soja sobre a força, a composição corporal e o catabolismo protéico. Desta forma, 27 indivíduos (18 mulheres e 8 homens), não acostumados à realização do treinamento de força, iniciaram a prática da musculação ingerindo placebo, ou WP, ou proteína de soja durante seis semanas. A quantidade de proteína suplementada antes, após o treinamento e antes de dormir totalizou 1,2 gramas/kg/dia. A ingestão diária total de proteína (que ficou em torno de 1,6 a 1,8 gramas/kg/dia), não foi capaz de minimizar a elevação da 3-metil-histidina na urina (parâmetro bioquímico escolhido para analisar os efeitos do treinamento sobre o catabolismo protéico muscular), entretanto, gerou aumento significativo da força e da massa corporal magra, em comparação com o placebo, sem diferenças entre a ingestão de WP.

O que há de mais atual?
Três anos mais tarde, um estudo propôs que as diferentes respostas geradas após o consumo de distintas fontes protéicas sobre as concentrações de insulina e sobre a resposta de síntese protéica muscular poderiam estar relacionadas às respectivas digestibilidades. Segundo Tang et al. (2009), a ingestão de 21,4 gramas de WP foi capaz de estimular de forma mais significativa a síntese de proteína muscular, em comparação à proteína da soja (22,2g) e à C (21,9g), já que gerou uma maior captação muscular de fenilalanina e maiores concentrações de leucina na corrente sanguínea. Além disso, os autores observaram que somente a WP e a soja foram capazes de gerar uma liberação de insulina significativamente maior. Para obtenção destes resultados, foram realizadas coletas de sangue 30, 60, 90, 120 e 180 minutos após o treino de força e biópsia muscular após 180 minutos. Desta forma, concluiu-se que a superioridade da WP estaria relacionada a sua mais rápida absorção em comparação, especialmente, à C.

Quanto Tomar
Com base nas informações apresentadas conclui-se que, uma vez ingerida após o exercício em quantidades que giram em torno de 10 a 30 gramas, a WP parece ser a proteína mais eficaz para o aumento da massa muscular. Muito provavelmente, isto deve-se ao fato dela promover uma maior disponibilidade de leucina e insulina. Além disso, parte dos resultados pode-se atribuir a sua mais rápida digestibilidade em comparação às demais fontes protéicas.

Referências:
ANTHONY, J. C.; ANTHONY, T. G.; KIMBALL, S. R. et al. Signaling pathways involved in translation control of protein synthesis in skeletal muscle by leucine. Journal of Nutrition, v. 131, n. 03, S856-860, 2001.
BIOLO, G.; WILLIAMS, B. D.; FLEMING, R. Y. D. et al. Insulin action on muscle protein kinetics and amino acid transport during recovery after resistance exercise. Diabetes, v. 48, p. 949-957, 1999
CALBET, J. A. L. & MACLEAN, D. A. Plasma glucagon and insulin responses depend on the rate of appearance of amino acids after ingestion of different protein solutions in humans. Journal of Nutrition, v. 132, n. 8, p. 2174-2182, 2002.
CANDOW, D. G.; BURKE, N. C.; SMITH-PALMER, T. et al. Effect of whey and soy protein supplementation combined with resistance training in young adults. International Journal of Sports Nutrition and Exercise Metabolism, v. 16, p. 233-244, 2006
CRIBB, P. J.; WILLIAMS, A. D.; CAREY, M. F. et al. The effect of whey isolate and resis-tance training on strength, body composition, and plasma glutamine. International Journal of Sports Nutrition and Exercise Metabolism, v. 16, p. 494-509, 2006.
IVY, J. L., DING, Z.. HWANG, H. et al. Post exercise carbohydrate–protein supplementa-tion: phosphorylation of muscle proteins involved in glycogen synthesis and protein trans-lation. Amino Acids, v. 35, p. 89-97, 2008
KIMBALL, S. C. Regulation of global and specific mRNA translation by amino acids. Journal of Nutrition, v. 132, n. 5, p. 883-886, 2002.
NILES, Eric S.; LACHOWETZ, Toni; GARFI, John et al. Carbohydrate-protein drink im-proves time to exhaustion after recovery from endurance exercise. Journal of Exercise Physiology online, v. 04, n. 01, 2001
ROY, B. D.; TARNOPOLSKY, M. A.; MacDOUGALL, J. D. et al. Effect of glucose supple-ment timing on protein metabolismafter resistance training. Journal of Applied Physiology, v. 82, n. 06, p. 1882-1888, 1997.
TANG, J. E.; MOORE, D. R.; KUJBIDA, G. W. et al. Ingestion of whey hydrolysate, casein, or soy protein isolate: effects on mixed muscle protein synthesis at rest and following resis-tance exercise. Journal of Applied Physiology, v. 107, p. 987-992, 2009
TIPTON, K. D.; ELLIOTT, T. A.; CREE, M. G. et al. Ingestion of casein and whey proteins result in muscle anabolism after resistance exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 36, n. 12, p. 2073-2081, 2004.
WILLIAMS, Michael B. et al. Effects of Recovery Beverages on Glycogen Restoration and Endurance Exercise Performance. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 17, n. 01, p. 12-19, 2005