quarta-feira, 14 de junho de 2017

Efeitos do Álcool no Exercício Físico e nos Esportes

CEF 405 SUL
EDUCAÇÃO FÍSICA
PROF. FABIO LEÃO
3º BIMESTRE 

TEXTO 1


Efeitos que o álcool causa no organismo

Parte 1

O consumo prolongado de álcool pode fazer com que as células do fígado percam a sua capacidade de regeneração, podendo desencadear uma cirrose.

Os efeitos nocivos que o álcool causa no corpo são inumeráveis, principalmente o etanol que é uma droga psicoativa que provoca muitos efeitos secundários alterando gravemente o organismo.

Neste caso a quantidade de álcool ingerido tem um papel muito importante, como também as circunstâncias. Se você consome álcool com o estômago cheio os efeitos são menores no organismo. Porém, se você bebe com o estômago vazio os efeitos são muito maiores.
Como o álcool atua no organismo?

O álcool pode ter um efeito duplo no organismo, já que no início produz uma grande sensação de satisfação e alegria, porém mais a frente começa a produzir visão borrada e graves problemas de coordenação.

As membranas das células não podem deter a passagem do álcool e já estando no sangue, ele se espalha pela maior parte dos tecidos que compõe o corpo.

Com o consumo excessivo a consciência é facilmente perdida, mas se o consumo é extremamente alto pode provocar envenenamento por álcool e até produzir a morte, já que uma alta porcentagem de álcool no sangue provoca parada cardiorrespiratória ou morte por asfixia ocasionada pelo vômito, pois quando uma pessoa está totalmente alienada por causa da embriaguez pode se afogar no próprio vômito por não poder responder a esta necessidade.

O álcool depois de ser ingerido pode levar uns trinta ou noventa minutos sem chegar ao sangue, nesse momento os açúcares que se encontram no sangue são reduzidos, provocando uma absoluta debilidade e esgotamento, isto acontece porque o álcool acelera a transformação de glicogênio em glicose, e esta é eliminada mais rápido.
As fases da intoxicação etílica

Logo depois de beber aparecem os efeitos, a depender da quantidade que foi ingerida.
Primeiro vem a euforia, excitação, desinibição e uma conduta impulsiva.
O segundo efeito é a intoxicação, quando o organismo não está acostumado com o álcool, o sistema nervoso é afetado, a capacidade de coordenar os movimentos é perdida e o também o equilíbrio, o que pode provocar quedas. O álcool provoca depressão e perda de calor.
Depois vem a fase hipnótica, de muita confusão, produz irritabilidade, agitação, sono, náuseas, vômitos e dor de cabeça.
O quarto efeito é anestésico e de estupor, são ditas palavras incoerentes, diminui notavelmente a consciência, se perde a força muscular, não se controla a vontade de urinar, a respiração fica difícil.
A última fase é a bulbar ou morte, ocorre choque cardiovascular, parada cardiorrespiratória e depois morte.

Os efeitos do consumo de álcool no organismo

Os efeitos do álcool no corpo são muitos, sejam a médio ou em longo prazo, muitos órgãos são danificados.

O cérebro e o sistema nervoso
O consumo frequente de álcool afeta gravemente as funções cerebrais, em primeiro lugar as emoções provocando mudanças súbitas de humor, alteração no controle da motricidade, má pronunciação, reações muito lentas e perda de equilíbrio.
Pode alterar a ação dos neurotransmissores, modificando sua estrutura e função, produzindo uma série de efeitos como a capacidade de reação, os reflexos são retardados, se perde a capacidade de coordenar movimentos, são produzidos tremores e alucinações. O autocontrole é perdido, a memória, a capacidade de concentração e as funções motoras são alteradas gravemente.
Todos estes efeitos juntos são as causas de uma grande quantidade de acidentes de trabalho e de trânsito, os quais levaram a vida de um considerável número de pessoas em todo o mundo.
O álcool causa danos graves nas células cerebrais, como também aos nervos periféricos, estes danos podem ser permanentes.
Também ocasiona a redução de vitamina B1, o que causa a doença de Wernicke-Korsakoff que provoca a alteração dos sentimentos, pensamento e memória.
Provoca transtornos de sono na grande maioria das pessoas que o consomem com muita frequência.
Além disso, essas pessoas se afastam com frequência de seu ambiente de trabalho e familiar, o que provoca o abandono das famílias, divórcios e a perda do emprego, e pode provocar uma profunda depressão e na maioria dos casos termina em suicídio.
A maior parte destes efeitos é produzida dependendo da quantidade e da frequência com que o álcool é consumido.
Em doses muito altas pode levar ao estado de coma, em casos muito avançados provoca alterações mentais muito sérias e danos cerebrais permanentes.
Períodos de anemia aparecem, com alterações na memória, condição que pode durar alguns minutos, horas ou inclusive alguns dias.

No coração e no aparelho respiratório
Aumenta a atividade cardíaca.
O consumo de doses muito elevadas pode aumentar a pressão sanguínea ou pressão arterial, ocasionando danos no músculo cardíaco devido ao efeito tóxico do álcool.
O músculo cardíaco é debilitado e por isso sua capacidade para bombear o sangue reduz.
Produz vasodilatação periférica, o que ocasiona avermelhamento da pele e aumento da temperatura superficial da mesma.

No aparelho digestivo: estômago, pâncreas, fígado e esôfago
Todas as moléstias gástricas acontecem porque o etanol corrói e irrita a mucosa gástrica, provocando ardor estomacal que pode ser incrementado se você toma vários tipos de bebidas alcoólicas de vez.
O álcool aumenta a produção de ácido gástrico, provocando irritação e inflamação nas paredes do estômago, o que pode provocar úlceras e hemorragias internas que podem ser fatais.
O elevado consumo de álcool pode ocasionar câncer de estômago, laringe, esôfago e pâncreas.
Pode provocar esofagite, ou seja, a inflamação do esôfago, além de varizes esofágicas sangrentas.
Causa pancreatite aguda, que é a inflamação severa do pâncreas, o que pode levar a morte.
A pancreatite também pode ser crônica provocando uma intensa dor permanente.
O consumo de álcool pode levar a pessoa a sofrer de diabetes tipo II e com as graves consequências que esta doença provoca.
O órgão que tem a função de metabolizar o álcool é o fígado. As enzimas do fígado transformam o álcool primeiro em acetaldeído e logo em acetato e outros compostos. O processo é muito lento, por isso produz danos nos tecidos do fígado.
Pela irritação e a inflamação celular hepática é provável que uma hepatite alcoólica apareça. Desta maneira o fígado pode ser afetado transformando-se primeiro em fígado gorduroso, logo pode chegar a hepatite e depois cirrose, terminando por chegar ao câncer de fígado e causando a morte.
Outras alterações deste órgão podem ser a icterícia, ou seja, a coloração amarela da pele, a esclerótica e a acumulação de líquidos nas extremidades.
A função renal é alterada, já que o hormônio antidiurético tem seus níveis reduzidos, o que provoca desidratação.
O álcool traz uma grande quantidade de calorias com muito pouco valor nutritivo, impede a absorção de alguns minerais e vitaminas, elimina o apetite, provocando desnutrição.

No sangue
Impede a produção de glóbulos brancos e vermelhos.
A anemia megaloblástica acontece quando não existe quantidade suficiente de glóbulos vermelhos para transportar o oxigênio.

O sistema imune e reprodutor
A falta dos glóbulos brancos produz falhas no sistema imune, o que aumenta o risco de adquirir infecções bacterianas e virais.
Reduz o desejo sexual.
Pode causar infertilidade e disfunção erétil.
Na gravidez e no feto
O consumo de álcool durante a gravidez pode provocar no feto a síndrome alcoólica fetal, os sintomas desta condição se manifestam como retardo de crescimento, alteração nos traços craniofaciais, má formação cardíaca, hepática, renal e ocular. O dano mais grave acontece no sistema nervoso central do feto, que pode produzir um marcante atraso mental.


QUESTIONÁRIO I
1.     Como o álcool atua no organismo?
2.     Quais as fases da intoxicação etílica?
3.     Cite os efeitos mais graves do uso do álcool no cérebro e sistema nervoso.
4.     O que acontece no coração e no aparelho respiratório diante do consumo elevado de bebidas alcoólicas?
5.     Escreva sobre as doenças causadas no aparelho digestivo: estômago, pâncreas, fígado e esôfago.

 

Efeitos do Álcool no Exercício Físico e nos Esportes

Parte 2


A relação entre atividades físicas e álcool é discutida há muito tempo e comumente observamos notícias sobre o uso dessa substância por atletas profissionais.

Alguns aspectos importantes devem ser observados, e o primeiro é que bebidas alcoólicas podem gerar aumento de peso. Elas fornecem uma quantidade importante de calorias, apesar de não fornecer nutrientes (proteínas, vitaminas ou minerais) - por este motivo são chamadas de “calorias vazias”.

Cada grama de álcool puro fornece 7 calorias; porém, o total de calorias nas bebidas alcoólicas varia amplamente de acordo com o tipo da bebida (saiba mais aqui). Por exemplo, 1 lata de cerveja possui quantidade de calorias aproximadamente equivalente a 1 barra de 30g de chocolate ou a 1 unidade de pão francês.

Outra questão refere-se à influência negativa que o consumo de álcool pode causar na performance dos atletas. O processamento de informações e, portanto, uma ampla variedade de habilidades psicomotoras são prejudicadas, tais como tempo de reação, precisão, equilíbrio, coordenação complexa e a capacidade de tomar de decisões mais rápidas e racionais. Em esportes que envolvem rápida mudança de estímulos, o desempenho será ainda mais prejudicado.

Ainda, dados da literatura científica evidenciaram que ingerir álcool pode levar à diminuição do uso de glicose e aminoácidos pelos músculos, interferindo no depósito de energia e no metabolismo durante o exercício. Sabe-se também que o álcool tem propriedades inflamatórias, podendo prejudicar a disponibilidade de nutrientes e diminuir a secreção de hormônio do crescimento.

Por outro lado, existem evidências que a atividade física pode atenuar os efeitos do álcool (estudos mostraram que as mitocôndrias, que são as unidades celulares responsáveis pela produção de energia, aumentaram sua capacidade de metabolizar o álcool em pessoas que praticavam exercícios), e reduzir seus efeitos oxidantes.

Cabe lembrar que muitos atletas de provas longas fazem uso posterior de medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares, e alguns de seus componentes, como o paracetamol, não devem ser consumidos concomitantemente com álcool pelos potenciais efeitos tóxicos para o fígado. Ainda, uma série de anti-inflamatórios não esteroidais (ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e naproxeno) expõem a mucosa do estômago a efeitos adversos potencialmente graves, assim como álcool, o que implica em risco ainda maior quando usados ao mesmo tempo.Para fins de efeitos psicoativos e métricas (tendências de comportamento), os tipos de bebida não diferem entre si quando usados volumes com quantidade de álcool equivalente (330 ml de cerveja, 100 ml de vinho ou 30 ml de destilado possuem a mesma quantidade de álcool puro: 10 a 12 g – veja mais aqui). Alguns estudos apontam para efeitos particulares com relação à cerveja, com ou sem álcool, por conter antioxidantes da fermentação (polifenois) e poder colaborar na reidratação pós-exercícios físicos. Por exemplo, um estudo verificou que o consumo de 1 a 1,5 L de cerveja sem álcool por maratonistas ao longo de três semanas antes da corrida reduziu a inflamação e problemas decorrentes da prova.

Apesar do álcool fazer parte de relações sociais saudáveis há milhares de anos, o atleta que almeja atingir grandes resultados tende a se beneficiar por restringir seu consumo. De acordo com o documento intitulado “Self-help strategies for cutting down or stopping substance use: a guide (2010)”, da Organização Mundial de Saúde, não existe um nível seguro para o consumo de álcool. Se a pessoa bebe, há risco de problemas de saúde e outros, especialmente se bebe mais de 2 doses* por dia e não deixa de beber pelo menos dois dias na semana..

Por fim, na relação entre álcool e esporte, outro ponto de vista que interessa particularmente aos profissionais de saúde, familiares e demais envolvidos com pacientes com transtornos por uso de álcool é o benefício complementar que a prática de atividade física tem no tratamento - estudo indicou que exercícios moderados colaboram com a recuperação de dependentes, diminuindo o número de recaídas e de episódios de uso nocivo.


*A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que uma unidade de bebida ou dose padrão contém aproximadamente de 10 g a 12 g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja (330 ml) ou uma dose de destilados (30 ml) ou ainda a uma taça de vinho (100 ml).




QUESTIONÁRIO II

1. Quantas calorias tem em 1g de álcool e por que são consideradas “calorias vazias”?
2. Cite as Habilidades Psicomotoras importantes para o esporte prejudicas diante do uso de álcool?
3. Diante da ingestão de bebida alcoólica o que pode acontecer em relação aos depósitos de energia e produção (secreção) de hormônios?
4. Como a prática de exercícios físicos pode atenuar (diminuir) os efeitos do álcool no organismo?
5. Existe uma quantidade ideal ou tolerada Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (2010)?
6. O Exercício Físico traz algum benefício complementar ao tratamento de dependentes de bebidas alcoólicas?

REFERÊNCIAS


BROWN RA, ABRANTES AM, MINAMI H, READ JP, MARCUS BH, JAKICIC JM, STRONG DR, DUBREUIL ME, GORDON AA, RAMSEY SE, KAHLER CW, STUART GL. A preliminary, randomized trial of aerobic exercise for alcohol dependence. J Subst Abuse Treat. 2014 47(1):1-9.


LIEBER CS. Relationships between nutrition, alcohol use, and liver disease. Alcohol Res Health. 2004 27(3):220-231.



EL-SAYED MS, ALI N, EL-SAYED ALI Z. Interaction Between Alcohol and Exercise: Physiological and Haematological Implications. Sports Med. 2005 35(3):257-269.



NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM, 2007. Harmful Interactions: Mixing Alcohol with Medicines. NIH Publication No. 03–5329.



OMS, 2010. Self-help strategies for cutting down or stopping substance use: a guide. Genebra: OMS.

SCHERR J, NIEMAN DC, SCHUSTER T, HABERMANN J, RANK M, BRAUN S, PRESSLER A, WOLFARTH B, HALLE M. Nonalcoholic Beer Reduces Inflammation and Incidence of Respiratory Tract Illness. Medicine and Science in Sports & Exercise 2012 44(1):18-26.





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